Embora hajam algumas diferenças importantes entre as abordagens ortodônticas em indivíduos com idades entre 12 e 18 anos, que de agora em diante denominaremos indivíduos jovens, e acima dessa idade, cuja a denominação será indivíduos adultos, podemos fazer um paralelo entre essas abordagens para melhor compreendermos como os tratamentos poderão ser conduzidos de modo a buscar os melhores resultados possíveis. Há para esses indivíduos uma situação em comum: a dentição permanente encontra-se completa, com exceção dos terceiros molares para indivíduos abaixo do 16 ou 17 anos. Outro fato comum a esses indivíduos são os objetivos de tratamento que não mudam e nunca é demais repeti-los: satisfazer a queixa do cliente, oclusão funcional e estabilidade articular, estética facial e dentária, proteção dos tecidos de suporte, estabilidade nos resultados e vias aéreas superiores liberadas.
Tanto em indivíduos jovens como em indivíduos adultos, a grande maioria das intervenções ortodônticas são possíveis. Nos indivíduos jovens as correções ortodônticas são feitas com aparelhos fixos e acessórios ortodônticos e também com aparelhos ortopédicos funcionais ou mecânicos. Nos indivíduos adultos, além dos aparelhos ortodônticos também utilizados para indivíduos jovens, podemos lançar mão de outros recursos como a cirurgia ortognática. Trata-se de procedimento cirúrgico para resolver problemas na estrutura esquelética que não possam ser “camuflados” apenas com movimentos dentários, ou seja, quando as discrepâncias esqueléticas são tão intensas que apenas movimentos dentários não seriam suficientes para a apropriada correção dos problemas apontados no diagnóstico, especialmente relacionados a estética facial.
Nos indivíduos adultos comumente lidamos com problemas, felizmente, menos comuns em indivíduos jovens como, por exemplo, problemas periodontais que comprometem a estrutura de suporte dos dentes, perdas dentárias, desgastes acentuados nos dentes, presença maior de restaurações e próteses que dificultam a instalação e uso de acessórios ortodônticos, etc. Implantes dentários, mais comum em indivíduos adultos, podem comprometer alguns movimentos necessários a solução dos problemas listados no diagnóstico. É importante ressaltar que implantes dentários não se movimentam. Perdas dentárias também são mais comuns em indivíduos adultos e isso pode ocasionar uma série de problemas de malposições individuais, particularmente nos dentes próximos a área onde ocorreu a perda dentária.
Nos indivíduos jovens, naqueles abaixo de 14 anos, o crescimento encontra-se em grande atividade e podemos tirar proveito dessa condição para o tratamento de alguns desequilíbrios esqueléticos. As chances de sucesso dessa modalidade de tratamento diminuem à medida que a idade aumenta. Essa é uma das justificativas por recomendarmos a primeira consulta ortodôntica por volta dos oito anos de idade. Fácil concluir que, para indivíduos adultos, o crescimento, para fins terapêuticos, é desprezado.
Pacientes jovens também são mais susceptíveis e adaptáveis a alterações funcionais em virtude de ainda possuírem algum crescimento e também por apresentarem musculatura mais moldável enquanto indivíduos adultos já se apresentam com padrões esqueléticos, musculares e articulares bem definidos e com baixa adaptação e resposta a alguns tipos de abordagens.
Com relação aos níveis de colaboração, não apontamos para grandes diferenças para o uso das aparatologias comumente utilizadas. É nossa crença que isso depende mais de características pessoais, costumes e valores do que propriamente da idade. Há, porém, de uma forma generalizada evidentemente, menos colaboração dos adolescentes com relação a higiene que nos indivíduos adultos. Mas, independente da idade, precisamos dar atenção particular aos cuidados de higiene durante todo o tratamento porque conhecemos bem os problemas decorrentes da falta de cuidados com os dentes, gengiva e aparelhos durante os tratamentos ortodônticos.